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POSTAGENS

domingo, 5 de abril de 2009

Conversando com Outeiral


Essa semana tive o prazer de assistir o Dr. José Outeiral conversando com professores municipais da zona sul de Porto Alegre.
Esse renomado psiquiatra falou da dilaceração das relações familiares da modernidade e da necessidade que nossos alunos têm de estabelecer, na escola, sólidos vínculos afetivos. Antigamente as pessoas, tanto adultos quanto crianças, eram conhecidas e reconhecidas em suas comunidades. Hoje todos passam anônimos pelas grandes metrópoles. Ninguém se conhece e a escola supre essa necessidade das crianças. As famílias mudaram muito. Segundo ele, as crianças passam a chamar os professores de “tio e tia” na medida que vêem suas relações familiares deterioradas. Chamam de tios àqueles com quem conseguem estabelecer vínculo. Aliás, sobre isso, ele trouxe uma informação interessante. A origem da palavra “brincar” em latim é “vínculum”, que em português quer dizer laços, união. Outeiral defende a idéia de que o aluno exerce verdadeiramente sua cidadania, quando brinca, quando joga. E a escola é o espaço adequado para isso. As brincadeiras ajudam no sucesso escolar, garantindo a efetiva escolarização. Essa é uma das formas de expressão da inclusão social.
Comentou também, como elemento importante para que se compreenda o cenário atual, a questão etária da adolescência. Segundo o E.C.A, adolescente é aquele com idade entre 12 e 18 anos. Vemos hoje, na escola, a adolescência antes dos 10 anos de idade. Ao mesmo tempo em que ela chega antes, ela avança muito mais que a idade prevista, ao ponto de criar-se uma palavra que define essa nova fase como “adultescência”.
Diante de todas essas mudanças, a sugestão é de que saiamos de cima do nosso “cubo de conhecimento”, pois se estivermos sentados nele, teremos uma visão de apenas três lados. Precisamos ter a visão do todo e utilizarmos todas as áreas para tentarmos minimizar essas questões dentro da escola.
O palestrante reforçou também que a escola ainda é um espaço saudável de construções e trocas e colocou como questão importante para segurar a atenção do aluno, a “autoria” do professor em sala de aula.

Um comentário:

Beatriz disse...

Zinara, o Outeral é fantástico e tem uma experiência enorme com crianças pais, familia, alunos, professores e escolas e como tudo isso hoje se entrelaça de uma forma bem complicada.Ouvi-lo é sempre um aprendizado. Que bom que tivestes essa oportuinidade. Um abração
Bea