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POSTAGENS
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
CONTRIBUIÇÕES IMPORTANTES PARA O TRABALHO PEDAGÓGICO
O Movimento da Escola Nova, ao propor uma outra forma de compreender o processo de ensino e aprendizagem, apresentou propostas mais dinâmicas para a organização do espaço escolar, das atividades pedagógicas e dos próprios materiais didáticos utilizados.
Dentre os pensadores escolanovistas que se preocuparam com estes aspectos, destaca-se Célestin Freinet e Maria Montessori.
Os excertos abaixo representam seus anseios e preocupações com a educação “nova”:
“A escola já não prepara para a vida, já não serve à vida e está nisso a sua definitiva e radical condenação. Cada vez mais, a formação verdadeira das crianças, sua adaptação ao mundo de hoje e às possibilidades de amanhã se praticam mais ou menos metodicamente fora da escola, pois ela não satisfaz mais a essa formação” (Célestin Freinet – Para uma escola do Povo, 1896).
“As crianças, movimentando-se, deslocarão mesas e cadeiras, provocando barulho e desordem. Isso, porém, não passa de preconceito, análogo à crença que muitas gerações alimentaram sobre a necessidade de enfaixar os recém-nascidos e encerrar os bebês em caixotes para ajudá-los a ensaiar os primeiros passos; análogo, igualmente, à crença moderna de que, na escola, os bancos devem estar pregados no pavimento. Tudo isto se fundamenta na crença de que a criança deve crescer na imobilidade, e no exótico preconceito de que é necessário manter uma posição especial para que a educação se verifique proveitosa” (Maria Montessori – Pedagogia Científica, 1926)
As contribuições de Maria Montessori
Como vimos anteriormente, Maria Montessori (1870-1952) foi uma admirável educadora italiana que nos deixou importantes contribuições no campo pedagógico. Ao propor um método educacional que partia do concreto para o abstrato, Montessori criou ricos materiais lúdicos para as crianças, nos quais elas poderiam explorar desde as propriedades dos mesmos – tamanho, forma, cor, textura, peso, cheiro, barulho – até as atividades projetadas para desenvolver o raciocino lógico-matemático e a linguagem.
Muitas das contribuições de Montessori podem ser vistas até hoje em escolas montessorianas e não montessorianas, como é o caso do Material Dourado utilizado na construção da numeração decimal, e das classes, armários e banheiros proporcionais ao tamanho e à idade da criança.
As contribuições de Célestin Freinet
Enquanto Maria Montessori propunha uma educação mais “individualizada”, centrada na criança, Freinet (1896-1966) se dedicou à educação coletiva, cooperativa e voltada para alunos de meios populares. Preocupado em constituir uma pedagogia social, esse educador via na escola a possibilidade de formar cidadãos para o trabalho livre e criativo. É por isso que suas atividades estão, na maioria das vezes, voltadas para a criação de uma atmosfera laboriosa na escola.
Uma constante preocupação de Freinet era a aplicação de idéias de uma nova educação, uma pedagogia progressista, em meios populares. Sua realidade de trabalho, em Bar-sur-Loup , era bastante pobre, o que dificultava a utilização de materiais “sofisticados”, como os propostos por Montessori.
“Ele queria encontrar técnicas que pudessem ser utilizadas por todos, numa linha de interesse global da classe, sem causar problemas a nenhuma criança, respeitando o rendimento escolar de cada uma”, nos diz Sampaio (s/d., p.18). Como lema de sua conduta, Freinet baseava-se na afirmação de Decroly, de que “a criança é que nos deve conduzir”.
Muitas das atividades pedagógicas que fazemos na escola até hoje, como os “cantinhos de atividades”, aulas-passeio, imprensa escolar e correspondência inter-escolar” são idéias deste pedagogo francês.
A FÚRIA DA BELEZA
A Feira do Livro de Porto Alegre estimula uma boa movimentação na cidade.
Muitos livros, bate-papos, discussões, e alguns encontros inusitados.
Foi mais ou menos assim que fui assistir Elisa Lucinda e a sua fúria poética.
Elisa não precisou ser apresentada, nem entrevistada. Chegou recitando seus versos, contando sua vida e militância pela causa poética. Vive poesia, fala poesia, respira poesia, faz curas com poesia, e é a própria poesia.
Muitos livros, bate-papos, discussões, e alguns encontros inusitados.
Foi mais ou menos assim que fui assistir Elisa Lucinda e a sua fúria poética.
Elisa não precisou ser apresentada, nem entrevistada. Chegou recitando seus versos, contando sua vida e militância pela causa poética. Vive poesia, fala poesia, respira poesia, faz curas com poesia, e é a própria poesia.
A fúria da beleza
Estupidamente bela
a beleza dessa “maria-sem-vergonha”
soca meu peito esta manhã!
Estupendamente funda,
a beleza, quando é linda demais,
dá uma imagem feita só de sensações,
de modo que, apesar de não se ter a consciência
desse todo, naquele instante não nos falta nada.
É um pá, um tapa, um golpe, um bote
que nos paralisa, organiza, dispersa, conecta e completa!
Estonteantemente linda a beleza doeu
profundo no peito essa manhã.
Doeu tanto que eu dei de chorar.
Por causa de uma flor comum e misteriosa do caminho.
Uma delicada flor ordinária, brotada da trivialidade
do mato, nascida do varejo da natureza, me deu espanto!
Me tirou a roupa, o rumo, o prumo e me pôs a mesa...
é a porrada da beleza!
Eu dei de chorar de uma alegria funda, quase tristeza.
Acontece às vezes e não avisa.
A coisa estarrece e abre-se um portal.
É uma dobradura do real, uma dimensão dele,
uma mágica à queima-roupa sem truque nenhum.
E é real.
Doeu a flor em mim tanto e com tanta força que eu dei de soluçar!
O esplendor do que vi era pancada, era baque e era bonito demais!
Penso, às vezes, que vivo pra esse momento indefinível,
sagrado, material, cósmico, quase molecular.
Posto que é mistério, descrevê-lo exato
perambula ermo dentro da palavra impronunciável.
Sei que é desta flechada de luz que nasce o acontecimento poético.
Poesia é quando a iluminação zureta, bela
e furiosa desse espanto se transforma em palavra!
A florzinha distraída, existindo singela na rua
paralelepípeda esta manhã,
doeu profundo como se passasse do ponto.
Como aquele ponto do gozo, como aquele
ápice do prazer, que a gente pensa que vai até morrer!
Como aquele máximo indivisível,
que de tão bom é bom de doer,
aquele momento em que a gente pede
para querendo e não podendo mais querer,
porque mais do que aquilo não se agüenta mais...
sabe como é ?
Violenta, às vezes,
de tão bela, a beleza é!
Elisa Lucinda
Terminou sua mostra poética cantando, à capela, uns versos de João da Cunha Vargas, musicado pela poesia melódica de Vitor Ramil.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
TEMAS GERADORES
A proposta de Paulo Freire parte do estudo da realidade do aluno somado à organização dos dados coletados pelo professor. Nesse processo surgem o que ele denominou de “Temas Geradores”, que são os conteúdos subjetivamente extraídos da problematização da prática de vida dos educandos.
Os temas utilizados no decurso da aprendizagem serão então resultados de uma construção dialógica. Dessa forma, cada individuo ou grupo envolvido na ação pedagógica disporá em si próprio, mesmo que de certa maneira, e a princípio, pouco desenvolvida, os conteúdos necessários dos quais se inicia o processo.
O fator mais importante nesse caminhar não é a transmissão de conhecimentos específicos, mas sim o despertar de uma nova forma de relação com a experiência de vida de cada aluno. Passar conteúdos pré-estruturados, que estejam fora do contexto social daquele que recebe a informação é o que se pode chamar de simples "invasão cultural", ou sendo mais realista, usaremos o aluno apenas como um "depósito de informações".
O ideal na extração de conteúdo para o processo de construção do conhecimento é, antes de qualquer coisa, conhecer o aluno. Temos de mergulhar na realidade dele a fim de sabê-lo enquanto indivíduo inserido num determinado contexto social. Essa é a fonte de onde deveremos explorar nosso material de trabalho. Sem ela estaremos reproduzindo o velho modelo escolar que comprovadamente já se mostrou como o maior obstáculo à aprendizagem, muito mais do que o próprio conteúdo.
O que Paulo Freire sugere é um respeito a “bagagem” de cada indivíduo e inserção de suas experiências como parte constitutiva do seu próprio aprendizado. Dessa forma a participação do educando em conjunto com as buscas do educador será imprescindível à sua alfabetização, o que tornará mais interessante o seu processo.
Os temas utilizados no decurso da aprendizagem serão então resultados de uma construção dialógica. Dessa forma, cada individuo ou grupo envolvido na ação pedagógica disporá em si próprio, mesmo que de certa maneira, e a princípio, pouco desenvolvida, os conteúdos necessários dos quais se inicia o processo.
O fator mais importante nesse caminhar não é a transmissão de conhecimentos específicos, mas sim o despertar de uma nova forma de relação com a experiência de vida de cada aluno. Passar conteúdos pré-estruturados, que estejam fora do contexto social daquele que recebe a informação é o que se pode chamar de simples "invasão cultural", ou sendo mais realista, usaremos o aluno apenas como um "depósito de informações".
O ideal na extração de conteúdo para o processo de construção do conhecimento é, antes de qualquer coisa, conhecer o aluno. Temos de mergulhar na realidade dele a fim de sabê-lo enquanto indivíduo inserido num determinado contexto social. Essa é a fonte de onde deveremos explorar nosso material de trabalho. Sem ela estaremos reproduzindo o velho modelo escolar que comprovadamente já se mostrou como o maior obstáculo à aprendizagem, muito mais do que o próprio conteúdo.
O que Paulo Freire sugere é um respeito a “bagagem” de cada indivíduo e inserção de suas experiências como parte constitutiva do seu próprio aprendizado. Dessa forma a participação do educando em conjunto com as buscas do educador será imprescindível à sua alfabetização, o que tornará mais interessante o seu processo.
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