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POSTAGENS

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O TRABALHO DOCENTE

O texto “O trabalho docente, a pedagogia e o ensino" de Maurice Tardif, nos traz como proposta uma profunda reflexão à cerca do trabalho do professor com a idéia de que esse trabalho docente explica a pedagogia e a partir daí constitui a “tecnologia” do trabalho dos professores. Fica claro, através de seu pensamento que esse fazer não pode ser comparado a nenhum outro.
O autor nos diz que nesse trabalho docente há muitas implicações, sendo uma delas a questão de que a personalidade do professor impregna a prática pedagógica. Com toda certeza o professor transpõe para o seu fazer aquilo que é como pessoa.
Saliento uma questão que me parece fundamental às práticas docentes. O professor age sobre um grupo mas precisa atingir os indivíduos que o compõe. Usamos nossas experiências e conhecimentos quando estamos à frente do trabalho de sala de aula. Esse fazer é técnico, ético e cognitivo.
Atuo no Laboratório de Aprendizagem da escola em que trabalho, atendendo grupos de alunos que têm muitas dificuldades nas diversas áreas do conhecimento. Esses alunos têm um funcionamento diferente dos demais. Eles precisam de mais tempo e de mais atenção. Primeiro precisa haver uma mínima vinculação afetiva. E isso é quase tão importante quanto as questões de aprendizagem.
O fazer do professor de laboratório ou de qualquer outro espaço da escola deve ser visto muito mais como práxis do que como técnica. Essa prática é modelada no contato com os alunos, quando percebe, improvisa e consegue adaptar.
Não há como discordar das idéias de Tardif. O professor tem seu trabalho construído no seu fazer cotidiano alicerçado em sua visão de mundo, de homem e de sociedade.
Encontro também em Paulo Freire uma contribuição às idéias de Tardif: “"Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutro, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição, decisão, ruptura. Exige de mim que escolha entre isto e aquilo".





SER PROFESSORA E SUAS IMPLICAÇÕES


Desde sempre soube que queria ser professora. Fiz essa escolha muito cedo, ao final do Ensino Fundamental. Cursei os três anos necessários e completei esse percurso inicial, fazendo o estágio curricular obrigatório.
Depois disso o acaso se encarregou de me afastar do exercício do magistério, levando-me a atuar na área da saúde.
Onze anos depois, retorno à sala de aula, tendo sido então nomeada na rede pública de Porto Alegre.
Agora já somo quinze anos de profissão e durante esse período presenciei muitas mudanças nas diretrizes de ensino que passaram pelo Construtivismo, chegando hoje aos Ciclos de Formação.
A escola mudou, mas os professores não mudaram. Atravessaram o tempo fazendo as coisas do mesmo jeito repetido e desanimado.
Durante esses anos bebi na fonte de Paulo Freire que agrega ao nosso fazer pedagógico os saberes necessários, fundamentados na ética pedagógica onde pesquisa, curiosidade, tolerância, alegria, esperança, entre outros, são os alicerces da aprendizagem.
Falar da minha trajetória de ser professora, sem falar em Paulo Freire é como esquecer de citar Lavoisier em minhas atuações enquanto nutricionista antes de viajar nas estradas da educação.
Freire aconselha que os educadores se posicionem criticamente, questionando, orientando e incentivando os educandos a pensar e reivindicar seus direitos, a influir na sociedade. Todavia sugere que ao assumir este compromisso, o educador o faça com ética, amor e alegria por ensinar. É da cabeça das crianças que educamos hoje, que surgirão novas idéias de mudanças no comportamento social brasileiro.
O educador não pode ser um mero reprodutor de velhos pensamentos. Ele deve se inserir, junto a tantos necessitados de inserção, nas modernas reflexões acerca das transformações do indivíduo enquanto fragmento social de um todo. É dentro desse contexto que penso minha função de professora.

MAX WEBER


Para Weber a organização social se forma a partir de relações entre dominadores e dominados. Em seu ponto de vista não há possibilidade de mudança nessas relações, pois essas seriam condições de ser para se inserir na vida social. Ele menciona diversas esferas da sociedade em que considera marcadas pelo uso velado ou acordado dos “senhores” e de seus “súditos” e deixa clara a presença de três tipos puros de dominação legítima: a legal, a tradicional e a carismática.
Weber cita a burocracia como exemplo de um dos modelos de ação dominante tecnicamente mais pura, embora faça a ressalva de que nenhum tipo de dominação é exclusivamente burocrático. Penso que esse seria o modo que mais interfere na educação. Uma hierarquia traçada a partir de uma “cabeça” que se inicia na esfera governamental e chega até o ambiente escolar, passando pelo corpo diretor, docente e finalmente alcançando o aluno. Nessa forma fixa de estrutura educacional, no âmbito somente da escola, há um contrato entre quem manda e quem obedece, embora sejamos todos SERVIDORES. Essa ação ainda se estende à relação professor/aluno, fazendo com que o ensino seja a reprodução de um conhecimento formulado, pronto e engessado. Essa dominação e obediência muitas vezes não permitem que a aprendizagem estimule uma reflexão que poderia desenvolver o pensamento, tornando o individuo menos subserviente possível.

A CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO E SOCIEDADE PARA ÉMILE DURKHEIM



A concepção de educação, para Durkheim, pode ser traduzida como uma ação exercida por gerações adultas sobre gerações infantis. Esse pensamento reconhece a educação como uma prática que deve garantir as condições de reprodução do modelo social vigente e deixa claro que é através dos adultos que as crianças terão esse processo garantido. Durkheim une as práticas educacionais à vida social, criando uma concepção em que defende que a grande função da educação seria a de adequar os indivíduos às necessidades sociais.
Dessa forma, cada sociedade, considerada em momento determinado de seu desenvolvimento, possui um sistema de educação que se impõe aos indivíduos de modo geralmente irresistível. Haveria então, em cada era social, um tipo regulador de educação. Pensando assim, vemos que os costumes e as idéias de cada período da história determinaram o tipo de educação necessária à sociedade e esse fato, bem como Durkheim reflete, não é criado individualmente. Aliás, o autor se refere ao passado da humanidade como a maior contribuição dada ao estabelecimento de um conjunto de princípios que governam a educação do homem contemporâneo.
Durkheim utiliza uma forma metafórica para reforçar o conceito de educação, comparando-a aos harmônicos e relativamente homogêneos corpos orgânicos. Para ele a plenitude das funções orgânicas se assemelha ao funcionamento da sociedade, o que teria, portanto, o objetivo de manter a ordem necessária para o equilíbrio das suas estruturas. A escola, nesse contexto, seria um reflexo dessa sociedade.