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POSTAGENS

sexta-feira, 24 de abril de 2009

ENTRE OS MUROS DA ESCOLA


Quem já viu o filme e é professor vai reconhecer, em alguns personagens, alunos com quem já trabalhou em sala de aula ao longo de sua carreira. Principalmente se já teve oportunidade de trabalhar em escolas públicas de periferia da cidade.
Dá para reconhecer semelhanças e divergências entre aquela escola e as escolas públicas de Porto Alegre. Uma que me chamou atenção, é o alto nível de respeito que existe na sala de aula. Pelo que tenho visto nesses 17 anos de rede pública municipal, as coisas por aqui são bem diferentes.
Está altamente recomendado!
É um filme que extrapola os muros da escola porque desnuda a relação professor-aluno e permite que muitas discussões venham à tona.
Espero que qualquer debate se embase muito mais em torno da educação do que como crítica de cinema.

CINCO CABEÇAS PENSAM MUITO

As imagens indianas são coloridas e muito bonitas. Elas enchem meus olhos de vida e movimento!
A imagem de Brahma com suas cinco cabeças me levou a nova atividade sobre Projetos de Aprendizagem. Escolhemos quem serão nossos parceiros de trabalho.
No primeiro PA, os grupos foram formados pela questão que cada um levou, isto é, havia uma afinidade temática.
Agora, os grupos estão sendo formados por afinidade entre as pessoas.
Um novo grupo se forma. Só que agora as pessoas se procuram porque acreditam que juntas possam construir algumas aprendizagens.
É isso: acreditamos que podemos aprender juntas!
Para que essa aprendizagem se concretize, vamos realizar acomodações nas estruturas já existentes para assimilar as novidades!
Conhecimento é isso.
Vamos estabelecer relações entre o novo e o velho, assimilando o novo e transformando o velho, produzindo indefinidamente novos conhecimentos.
Se uma cabeça sozinha pensa muito, imagina a produção intelectual das cinco?

Para saber mais sobre a imagem


O Hinduismo é uma das religiões mais antigas do mundo.
Os hindus são politeístas (acreditam em vários deuses).
São os principais: Brahma (representa a força criadora do Universo); Ganesha (deus da sabedoria e sorte); Matsya (aquele que salvou a espécie humana da destruição); Sarasvati (deusa das artes e da música); Shiva (deus supremo, criador da Ioga), Vishnu (responsável pela manutenção do Universo).
Brahma é representado com quatro cabeças, mas originalmente, era representado com cinco. O ganho de cinco cabeças e a perda de uma é contado numa lenda muito interessante. De acordo com os mitos, ele possuía apenas uma cabeça. Depois de cortar uma parte do seu próprio corpo, Brahma criou dela uma mulher, chamada Satrupa, também chamada de Sarasvati. Quando Brahma viu sua criação, ele logo se apaixonou por ela, e já não conseguia tirar os olhos da beleza de Satrupa.
Satrupa ficou envergonhada e tentava se esquivar dos olhares de Brahma movendo-se para todos os lados. Para poder vê-la, ele criou mais três cabeças, uma à esquerda, outra à direita e outra logo atrás da original. Então Satrupa voou até o alto do céu, fazendo com que Brahma criasse uma quinta cabeça olhando para cima. Foi assim que Brahma veio a ter cinco cabeças. Da união de Brahma e Satrupa, nasceu Suayambhuva Manu, o pai de todos os humanos.

domingo, 19 de abril de 2009

MOSAICO ÉTNICO-RACIAL


Construí o mosaico étnico-racial com alunos de B20(quarta série). Esse ano estou sem turma e por isso, pedi a uma colega que me permitisse realizar a atividade em sua sala.
Os conteúdos estudados nesse ano-ciclo têm como foco o estado do Rio Grande do Sul. Pensei em trazer como viés a influência dos imigrantes na formação do nosso estado. A partir daí levei os alunos a lembrar de nossos ancestrais.
Reforçando isso e utilizando um livro de histórias, mapa-múndi, espelho, papel, lápis e lápis de cor, pedi aos alunos que desenhassem seus rostos, observando cuidadosamente suas características.
Eles gostaram muito do trabalho e participaram ativamente. Fizeram colocações pertinentes e trouxeram exemplos importantes sobre as suas ancestralidades.

Durante a realização dos desenhos e pinturas houve aquele pedido, quase tradicional, entre os alunos:

-“Me empresta o lápis cor de pele?”

Não pude deixar essa oportunidade passar e logo questionei:

-“Como assim cor de pele? Pele de quem? Minha? Tua?”

Conversamos sobre o quanto somos diferentes e o quanto somos iguais!

Iguais, mas no direito à vida!

sábado, 18 de abril de 2009

RUBEM ALVES

“Para entender é preciso esquecer quase tudo o que sabemos. A sabedoria precisa de esquecimento. Esquecer é livrar-se dos jeitos de ser que se sedimentaram em nós, e que nos levam a crer que as coisas têm de ser do jeito como são. (...)”. (Rubem Alves)

Estou trazendo a poesia de Rubem Alves aqui para o blog, com marcador de Educação Especial, com o simples propósito de alimentar nossa discussão poéticamente.
Quando li essa poesia, lembrei do quanto é importante a gente tentar se livrar desses “jeitos sedimentados” que existem em nós.
Quando penso em uma postura docente inclusiva, penso que se faz necessário a “afirmação da diferença”, num processo em que as pessoas sejam aceitas e valorizadas por suas singularidades, ao invés de se buscar uma “igualdade” entre todos.

Mosaico Étnico-Racial

Para trabalhar o mosaico étnico-racial em sala de aula, recorri à vários livros infantis.
Mas foi o livro “ Histórias da Preta” de Heloisa Pires Lima que me trouxe algumas sugestões de como definir, por exemplo, conceitos como etnia e racismo.
A “Preta” conta muitas histórias interessantes e de um jeito que as crianças gostam.
Ela trabalha com as palavras:
"O sentido que nós damos às palavras indica o modo como vemos o mundo, traduz o que achamos das coisas [...]. Sombra é bom quando tem muita luz, e luz é bom quando está muito escuro. O petróleo é negro e não é sujo, o carvão é preto e faz fumaça branca, e eu pensei em tantos opostos que se equilibram que... deu um branco na minha cabeça!" (p. 54)
As ilustrações do livro são lindas e são feitas por Laurabeatriz.

domingo, 5 de abril de 2009

Educação Especial


No âmbito da educação inclusiva, um fator de grande importância é o espaço, o ambiente e os recursos que devem ser acessíveis e responder às necessidades de cada aluno. Portanto, a acessibilidade dos materiais pedagógicos, dos espaços e o investimento nos profissionais que fazem a educação, criam condições para que o aluno com necessidades especiais participem do processo educativo dentro da escola regular.
Uma nova questão está posta: não cabe ao aluno se adaptar à escola, a escola é que deve se adaptar às exigências de toda a sua comunidade.
Para tanto é necessário que a escola se torne inclusiva, não só na estrutura física, mas nas práticas de ensino.
Trabalhava em uma Escola Municipal de POA há alguns anos atrás, com uma turma de A30, em que um dos meninos era cadeirante. A escola, antiga na rede, tinha construções antigas de madeira ainda, que eram ligados por degraus. A escola fica em um morro do bairro Partenon. O menino que era assíduo às aulas, não freqüentava o refeitório, porque esse ficava localizado longe do acesso principal. Na hora da refeição, o menino ficava sozinho na sala de aula, às vezes desenhando, às vezes olhando algumas figuras (ele ainda estava em processo de aquisição da escrita). Um pequeno exemplo do quanto a escola pode incluir sem ser inclusiva, sem proporcionar inclusividade.

Conversando com Outeiral


Essa semana tive o prazer de assistir o Dr. José Outeiral conversando com professores municipais da zona sul de Porto Alegre.
Esse renomado psiquiatra falou da dilaceração das relações familiares da modernidade e da necessidade que nossos alunos têm de estabelecer, na escola, sólidos vínculos afetivos. Antigamente as pessoas, tanto adultos quanto crianças, eram conhecidas e reconhecidas em suas comunidades. Hoje todos passam anônimos pelas grandes metrópoles. Ninguém se conhece e a escola supre essa necessidade das crianças. As famílias mudaram muito. Segundo ele, as crianças passam a chamar os professores de “tio e tia” na medida que vêem suas relações familiares deterioradas. Chamam de tios àqueles com quem conseguem estabelecer vínculo. Aliás, sobre isso, ele trouxe uma informação interessante. A origem da palavra “brincar” em latim é “vínculum”, que em português quer dizer laços, união. Outeiral defende a idéia de que o aluno exerce verdadeiramente sua cidadania, quando brinca, quando joga. E a escola é o espaço adequado para isso. As brincadeiras ajudam no sucesso escolar, garantindo a efetiva escolarização. Essa é uma das formas de expressão da inclusão social.
Comentou também, como elemento importante para que se compreenda o cenário atual, a questão etária da adolescência. Segundo o E.C.A, adolescente é aquele com idade entre 12 e 18 anos. Vemos hoje, na escola, a adolescência antes dos 10 anos de idade. Ao mesmo tempo em que ela chega antes, ela avança muito mais que a idade prevista, ao ponto de criar-se uma palavra que define essa nova fase como “adultescência”.
Diante de todas essas mudanças, a sugestão é de que saiamos de cima do nosso “cubo de conhecimento”, pois se estivermos sentados nele, teremos uma visão de apenas três lados. Precisamos ter a visão do todo e utilizarmos todas as áreas para tentarmos minimizar essas questões dentro da escola.
O palestrante reforçou também que a escola ainda é um espaço saudável de construções e trocas e colocou como questão importante para segurar a atenção do aluno, a “autoria” do professor em sala de aula.